segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Ação de Educar e Comunicar pelo Rádio

SINOPSE:

Esta realização audiovisual relata experiências de Educomunicação, a partir de um inicial diálogo constituído a partir dos processos de produção radiofônica do projeto “Alunos em Rede - Mídias Escolares” da rede municipal de Porto Alegre (RS) e a experiência de rádio-escola, do projeto “Rádio PJM” proveniente do setor da Pastoral Juvenil Marista, da rede particular de ensino da cidade de Joaçaba (SC). Sustenta-se assim, uma postura de observação dos indivíduos envolvidos no processo de produção e apresentação das atividades radiofônicas, na perspectiva de dinamização do direito à comunicação.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Escolas vão produzir para a Rádio Web da prefeitura


Programa deverá ser semanal e transmitido no horário dos recreios
16/05/2011 18:03:01
Foto: Guilherme Santos/PMPA
 
Programa deverá ser semanal e transmitido no horário dos recreios

O ato de educar, para a prefeitura de Porto Alegre, não se esgota no ambiente escolar. É verdade que a maioria das atividades está mesmo ligada diretamente às escolas. No entanto, algumas ações realizadas no ambiente das escolas superam os limites físicos. Exemplo disso é o projeto Alunos em Rede – Mídias Escolares, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (Smed).

Quinze escolas do Ensino Fundamental já participam dessa ação, coordenada pelo professor Jesualdo Freitas de Freitas, assessor pedagógico da Inclusão Digital da Smed. Alunos dessas escolas realizam entrevistas, fazem cobertura jornalística de eventos e colocam esses arquivos eletrônicos à disposição dos internautas no endereço: alemrede.blogspot.com. Existem mais de 350 arquivos de áudio no blogspot, sendo cerca de 250 com entrevistas e reportagens.

No ano passado, o projeto Alunos em Rede – Mídias Escolares foi objeto do trabalho de conclusão do curso de graduação em jornalismo do IPA da aluna Luciane Lourega. Atualmente, Franciele Zarpelon Corrêa, mestranda da Unisinos, estuda o projeto dentro da temática comunicação e educação.

No recreio - Agora, o professor Jesualdo estuda uma maneira de elaborar programas semanais na programação da Rádio Web da Prefeitura de Porto Alegre, divulgando o trabalho dos alunos e interessando cada vez mais escolas no projeto, que funciona por adesão simples dos diretores. Em princípio, o programa deverá ser semanal e transmitido no horário dos recreios das escolas municipais.

Para isso, Jesualdo visitou as instalações da Rádio Web na tarde desta segunda-feira, 16, estabelecendo algumas normas para colocar no ar a produção dos alunos que fazem parte do projeto. Nos próximos dias, Jesualdo vai formatar o programa e apresentá-lo ao Gabinete de Comunicação Social (GCS) para aprovação.

O projeto original começou em 2004 na Escola Municipal de Ensino Fundamental Chico Mendes, no bairro Mario Quintana. Segundo Jesualdo, que é professor de História e radialista, todo o trabalho é feito de acordo com os princípios da Educomunicação, que preconiza a integração às práticas educativas do estudo dos sistemas de educação e a criação e o fortalecimento dos ecossistemas comunicativos em espaços educativos, revendo as relações de comunicação entre direção, alunos e professores.

Acesse, por meio do site www.nossaportoalegre.com.br e das redes sociais (Facebook, Twitter e Orkut) outras infromações sobre como cada um com sua história constrói um pouco da cidade.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Direito à comunicação em tempos de escola

Pensar o direito à comunicação na perspectiva educacional é também abrir-se a possibilidades que engendram a partir de um processo evolutivo de sua prática. Para tanto, faz-se necessário perceber que para a conquista desse direito, é também fundamental considerar o exercício da comunicação ainda em tempos de escola. Visto que, a tomada de consciência da relevância desse processo poderá incidir na decorrência da vida adulta dos sujeitos envolvidos.

Assim, de acordo com o debate articulado no documento Infância e comunicação: uma agenda para o Brasil, da mesma forma como outros direitos humanos fundamentais já referidos, percebe-se que o direito à comunicação tem se consolidado como um princípio significativo para as democracias contemporâneas e também deve ser considerado nas políticas públicas relacionadas com o público infantil e adolescente. Nesse panorama, busco compreender de forma mais específica como acontecem as dinâmicas de produção e execução radiofônica no espaço escolar, tendo como lócus de análise a gestão da comunicação realizada por alunos(as), especialmente o público jovem, bem como as relações de sociabilidade que permeiam a realização dessas atividades, concebidas no âmbito comunicacional e educativo.

Por assim ser, sinalizo também a importância de projetos que vem sendo desenvolvidos na perspectiva de adoção de práticas educomunicativas, como analisam alguns pesquisadores do Núcleo de Comunicação e Educação – NCE, da ECA/USP, o campo de inter-relação comunicação/educação se materializa em algumas áreas de intervenção social, sendo essas: a área da educação para a comunicação, a área da gestão da comunicação no espaço educativo e a área da mediação tecnológica na educação. Cabe a abrangência desse olhar, traduzir um processo de conscientização dos estudantes, que encontram-se ainda em fase inicial de suas vidas, para o envolvimento dos mesmos em atividades comunicacionais que vislumbrem um caminho de libertação e transformação social através da palavra dita.

Nessa medida, Freire (2008) dimensiona três etapas rumo a um exercício de aprendizagem e conscientização no ambiente escolar, sendo estes: consideração da cultura e conhecimentos do educando; exploração de questões que permitam ao estudante partir do senso comum à visão crítica da realidade, na medida em que consegue discutir os temas/problemas; partir também, do abstrato para o concreto, ou seja, realizar a problematização do conteúdo já bem trabalhado, enquanto sugere ações para superação, o que por fim, segundo o educador brasileiro, serve para a conscientização do aluno.

No advir dessa discussão, que compõe alguns elementos de instituição do ser consciente e atuante, o espaço local tem se revelado como possibilidade de construção de novos fazeres a partir da visualização de uma comunicação concebida de forma não-hegemônica, alternativa e de participação conjunta na tomada de decisões e produções radiofônicas, como propõem projetos de Rádio-Escola, na iminência de realização instituída pelo viés de um micro-espaço público de ação comunicativa. Conforme sinaliza Brittos (2008), “a comunicação, por si própria, deveria corresponder a um espaço democrático, se for concebida como um lugar de partilha e construção de informações”.

Perante esse olhar, cabe ressaltar a sua validade, mas também considerar que na ambiência educativa a proposta deve ir além, na perspectiva de unir elementos informativos partilhados e construídos entre os atores responsáveis pela gestão da comunicação, sempre em busca de um trabalho reflexivo destes realizado de forma coletiva, na medida em que possam conjuntamente construir e constituir saberes. Diante disso, alerta Freire (1970) “o sujeito pensante não pode pensar sozinho. Não pode pensar acerca dos objetos sem a co-participação de outro sujeito [...] Esta co-participação dos sujeitos no ato de pensar se dá na comunicação”. Portanto, acabamos de perceber essa relação recíproca visualizada pelo autor, entre a necessidade de junção de uma dupla funcionalidade, caracterizada pelo pensar-fazer de maneira cognoscitiva e comunicativa.

Diante dessa percepção, semeio a seguinte indagação: mas afinal, para que serve a comunicação? Inicialmente considero que tanto a comunicação como a educação são dependentes e complementares para que processos emancipatórios e transformadores sejam possíveis. Sendo assim, de acordo com a cartilha Para fazer Rádio Comunitária com ‘C’ maiúsculo, comunicação seria a maneira pela qual o sujeito pode expressar seus pensamentos, munido de algum conhecimento para alguém que tem interesse em compreendê-los. A educação por sua vez, é realizada através de um processo de formação, onde o indivíduo consegue organizar suas ideias, e com isso tornar a comunicação eficiente.

Perante o exposto, assim como as rádios comunitárias, objeto de estudo da obra anteriormente referida, as rádios escolares e os envolvidos com a sua dinamização, devem estar em constante diálogo para a efetivação do direito à comunicação de forma horizontal. Essa capacidade de interação, respeita também a idealização articulada por Freire (1970), que visualiza a comunicação num processo de não transmissão, visto ser essa abordagem circunscrita numa dinâmica considerada enquanto ato que pressupõe uma invasão a cultura do sujeito, visto que a base autêntica de uma educação genuína deveria conceber o diálogo enquanto referente fundamental na formação humana e social do indivíduo.

Percebo ainda, como indissolúvel a relação entre comunicação e educação, da mesma forma que perspectivas vindas da comunicação alternativa sustentada a partir de um viés de criticidade consciente são essenciais para a autonomia de nossa sociedade. Nesse sentido, ressalto a importância de políticas públicas e até mesmo projetos legislativos, como é caso do Pacto de San José de Costa Rica, que incluiu pela primeira vez o direito à comunicação na perspectiva dos direitos humanos e também, a Lei Estadual nº 8.889/08 que estabelece a implantação de mini-estações de rádio em escolas estaduais do Mato Grosso.

Todavia, estes mecanismos devem estar comprometidos com a necessidade de ampliar e diversificar os discursos, na medida em que não há um monopólio das informações, mas sim o intento de dar oportunidade e liberdade de expressão a todos, num legítimo movimento de democratização do direito à comunicação. Entretanto, cabe lembrar que a expressão desse direito em leis, projetos e políticas públicas seja também exercido e constituído, num processo de amadurecimento constante, iniciado na educação infanto/juvenil e continuado em perspectivas mais abarcadoras de necessidades que venham a surgir na vida adulta dos sujeitos.